segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Ivanir Yazbeck conta sobre sua participação em “momentos extraordinários” da história brasileira

“Eu estava na redação quando recebi um telegrama dizendo que rumores davam conta de movimentação na cidade de Juiz de Fora, e que tropas seguiam para o Rio de Janeiro para depor o presidente João Goulart.” Foi assim que o jornalista Ivanir Yasbeck contou, no último dia 28, à Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF) a forma como se tornou um dos primeiros brasileiros a ser informado sobre o deslocamento das tropas do general Olympio Mourão Filho. O documento, que ele guarda até hoje, foi enviado por uma agência de notícias à redação do periódico Correio de Minas, da capital mineira, ainda no dia 31 de março de 1964, anunciando o golpe.


Yazbeck tornou-se repórter por intermédio do amigo Fernando Gabeira, militante preso e torturado por participar do sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, em 1969. Na época, com 21 anos, ele não tinha diploma de jornalista, como era comum nas redações. Fascinado pela área, procurou aprender mais sobre a profissão.

Há 50 anos, Yazbeck guarda o telegrama, redigido em espanhol,
 que avisava sobre o deslocamento das tropas no dia do golpe.
Entre os anos de 1962 e 1964, atuou no jornal semanal Binômio, que tinha uma pequena redação em Juiz de Fora. Mas em março de 1964 ele já trabalhava como redator no Correio de Minas. “O telegrama veio por Telex”, ele ressalta fazendo menção ao aviso do golpe. Em maio de 1964, Yazbeck foi trabalhar no Jornal do Brasil (JB), tendo sua primeira experiência profissional em um grande periódico, o que o faz considerar ter completado 50 anos de profissão em 2014.

A censura aos veículos de comunicação no Brasil começou expressivamente no ano de 1967, conforme Yazbeck. Na ocasião, um censor acompanhava o diagramador na redação, selecionando as notícias que não seriam publicadas, restringindo a tarefa dos jornalistas de informar, e o direito à informação.

O jornalista lembra que estava presente no momento da prisão de seu amigo Marcos de Castro, copidesque do Jornal do Brasil. Ele o aguardava para as costumeiras reuniões das sextas-feiras, acompanhado de outros dois amigos e companheiros de redação, João Areosa e José Trajano, quando, ao chegar na casa de Marcos, notou a presença dois agentes do Dops. Eles também estavam à espera de Marcos, que foi levado preso logo que chegou em casa.


Com saudosismo, Yazbeck confessou sonhar todas as noites com as redações de jornal e se orgulha de ter participado de “momentos extraordinários” da história do país, como a Copa do Mundo de 1990 e o Impeachment de Collor.

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