Obra com 272 páginas é o primeiro documento público elaborado
em Juiz de Fora com o objetivo de descrever de forma ampla o sistema repressivo que funcionou na cidade entre 1964 e 1985
Reuniões,
investigações, visitas a órgãos públicos, busca em arquivos, coleta
de depoimentos e um árduo trabalho de pesquisa realizados durante um
ano resultaram no livro “Memórias da Repressão – Relatório da
Comissão Municipal da Verdade”, que será entregue à população
em lançamento no próximo dia 1º de julho, às 19h30, na Câmara Municipal de
Juiz de Fora. A publicação representa o primeiro documento público produzido em
âmbito municipal com o propósito de contextualizar o sistema repressivo.
A obra
representa a versão para o público do relatório que foi entregue às autoridades
no mês de abril e reúne em seis capítulos e 272 páginas o que se conseguiu
apurar no curto período de funcionamento da Comissão Municipal da Verdade de
Juiz de Fora (CMV-JF). Além da tiragem de mil exemplares – impressos com
recursos da OAB Subseção Juiz de Fora, da Caixa de Assistência dos
Advogados e da UFJF – que serão doados a bibliotecas, arquivos,
instituições de ensino e entidades parceiras, a versão “e-book” ficará
disponível pela internet, a partir de acesso aberto e gratuito.
Fruto
do somatório das memórias daqueles que vivenciaram a repressão em Juiz de
Fora e de documentos que permitem contextualizar o período, o livro procura
iluminar uma parte da história que ainda se encontra oculta – ou pouco
difundida. Além de trazer algumas respostas, a obra deixa também perguntas,
introduzindo temas e documentações com potencial para subsidiar futuras
pesquisas sobre o assunto.
São
reproduzidos no livro diversos documentos, comprovando
as memórias relatadas por quem vivenciou o período, sendo vítima ou
testemunha das violações dos direitos humanos, e também trechos dos 37
depoimentos concedidos à CMV-JF bem como de depoimentos prestados a comissões e
comitês parceiros, trazendo à
tona os sentimentos dos que tiveram a vida marcada pelo regime ditatorial.
tona os sentimentos dos que tiveram a vida marcada pelo regime ditatorial.
A
Comissão buscou não apenas relembrar os casos emblemáticos, amplamente
difundidos e que envolvem personagens notórios, mas também dar espaço às
memórias de cidadãos comuns que foram afetados pelo sistema repressivo.
No
último capítulo, as conclusões e as recomendações da CMV-JF para os órgãos
públicos e a sociedade civil representam a chave com que se fecha o
trabalho e alguns instrumentos para ajudar na consolidação democrática.