Viúva de diretor dos Correios conta
como foi a prisão do marido dias antes do golpe de 1964
“Todos foram demitidos, mas três
filhos de um ex-diretor, esse foi preso, até morreu esse rapaz, foi preso,
sofreu o pão que o Diabo amassou” Marita Pimentel França Teixeira
O primeiro depoimento
gravado pela Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora, em 15 de julho de
2014, foi o da ex-telegrafista Marita Pimentel França Teixeira, 84 anos, viúva
de Mizael Cardoso Teixeira, considerado o primeiro preso político em Juiz de
Fora, dias antes do golpe militar de 1964. Marido e mulher eram funcionários da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos de Juiz de Fora, cargos que conquistaram
após aprovação em concurso público.
Mizael atuava como
diretor, o que na época era um cargo de prestígio e que, por isso, mantinha
contatos com governantes brasileiros, como Miguel Arraes, Magalhães Pinto e o
então presidente João Goulart. Para Marita, esta teria sido uma das causas para
a prisão do marido.
O casal morava em um apartamento
que se situava em cima da agência onde trabalhavam, na Rua Marechal Deodoro.
Foi neste imóvel que Mizael, dias antes do golpe, foi preso diante da esposa,
dos filhos pequenos e dos clientes. Ele também foi cassado do cargo, já que os
Correios ocupavam uma posição institucional importante.
No depoimento, Marita disse
que até hoje não sabe exatamente o que aconteceu, mas que os médicos que
trataram de Mizael acreditam que ele sofreu torturas com choques. Após sair da
prisão, onde ficou quatro meses, teve graves problemas neurológicos, o que
acarretou convulsões e internações em hospitais psiquiátricos. Marita disse
ainda que seus filhos também tiveram problemas de saúde, pelo trauma de verem o
pai sendo preso.
Fotos por: Jéssica Dias
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quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Marita Pimentel França Teixeira -15/07/2014
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