A
Comissão da Verdade de Juiz de Fora (CMV-JF) e a Auditoria da 4ª Circunscrição
Judiciária Militar (4ª CJM) promoveram nesta segunda-feira (17), no plenário da
sede da Auditoria, evento para devolução de documentos pessoais retidos no
período da ditadura, que não foram retirados pelas pessoas que responderam
inquérito ou processo na Auditoria no período de 1964 a 1985. Entre esses
documentos, se encontram fotos, carteiras de identidade e de trabalho, títulos
eleitorais, passaportes, entre outros. A maior parte do material entregue é da
década de 1970. A presidente da República Dilma Rousseff e o prefeito de Belo
Horizonte, Márcio Lacerda, figuram entre as trinta e duas pessoas que tiveram a
documentação retida, mas não estiveram presentes neste ato. No evento,
documentos de nove pessoas foram entregues a elas próprias ou a seus
representantes.
A
anfitriã da solenidade, a juíza da 4ª Circunscrição Judiciária Militar, Maria
do Socorro Leal, assinalou o valor simbólico da cerimônia e salientou que “a
Justiça Militar da União mantém o firme compromisso com a verdade e refuta
quaisquer atentados aos interesses individuais”. Para a presidente da Comissão
Municipal da Verdade, Helena da Motta Salles, o trabalho desenvolvido em Juiz
de Fora tem sido emocionante e revelador. O gesto de resgatar e devolver os
pertences aqui confiscados é um ato histórico de “respeito aos direitos
democráticos”. Representando a Comissão Estadual da Verdade, Jurandir Persichini
Cunha, considerou a solenidade um exemplo a ser seguido pelas demais comissões.
O prefeito Bruno Siqueira destacou a importância do trabalho da Comissão
Municipal da Verdade no resgate da história e da memória local.
Preso
nos primeiros dias após o golpe, o fundador da União Nacional dos Servidores
Públicos Civis de Minas Gerais, Henrique Roberti Sobrinho, emocionou-se com o
“inusitado” regresso ao lugar em que foi “espezinhado e julgado” e considerou o
evento como um marco no processo de “resgate das lutas sociais”. A militante do
Comando de Libertação Nacional (Colina) na capital mineira, Maria José Nahas,
veio à cidade resgatar seus documentos e os de seu marido, Jorge Raimundo
Nahas. Antes de passar um ano e meio presa, foi a primeira guerrilheira urbana
do país.
Ana Lúcia Batista - Foto: Mariana Meirelles
Foto: OAB-MG
Foto: Rafaela Almeida
Marco Antonio Victoria Barros - foto de Mariana Meirelles
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